Madre Teresa de Calcutá não fechou os olhos diante da escuridão do mundo. Abraçou as dores da miséria e fez de sua vida uma obra de caridade. A simplicidade com que passou pelo mundo também deve estar nas celebrações de sua canonização, realizada na Praça de São Pedro, neste domingo. Para a data está prevista a celebração de uma missa na casa da Madre, em Calcutá, após a Solene Liturgia no Vaticano, presidida pelo papa Francisco. A cerimônia será transmitida para o mundo. Um marco emocionante, especialmente, para quem busca viver de acordo com a mensagem de Madre Teresa.

Em 6 de julho de 2003, nasceu em Pelotas o Banco de Alimentos Madre Tereza de Calcutá. Idealizado por padre Mário Prebianca, o projeto beneficente se tornou possível pelas mãos de Maria Eulalie Assumpção de Mello Fernandes, ao lado da então Diocese de Pelotas e do Mutirão para a Superação da Fome e da Miséria. Coordenadora do projeto, ela explica que Madre Teresa dá nome ao Banco, justamente, por ser um símbolo de solidariedade. "A fé, tão forte que ela tinha, e a caridade que mostrou a todos nós são exemplos que inspiram a luta contra a miséria", descreve Maria Eulalie, emocionada.

O Banco de Alimentos começou ajudando 50 famílias em situação de miséria, porém, não demorou para que o trabalho alcançasse mais pessoas. Hoje, a entidade conta com o suporte de 300 voluntários - que Maria Eulalie chama de Mensageiros de Calcutá, como Madre Teresa denominava quem fazia caridade. As doações de alimentos, que chegam da comunidade e de empresas parceiras do projeto, somam cerca de 14 toneladas por mês, repassadas para até sete mil pessoas, em Pelotas.

"Muitos jovens dos grupos do Movimento de Emaús ajudam, muitas pessoas amigas também se envolvem. É muito importante esse auxílio", salienta. A partir da colaboração recebida e da expansão do trabalho solidário, uma diversidade de demandas também chegou ao grupo. Assim, o Banco de Alimentos se estendeu a quatro braços: o Banco de Empregos, o Banco de Leite e o Banco de Remédios. Todos são mantidos por doações de colaboradores e voluntários.

Banco de Leite
Uma iniciativa para os miúdos. O Banco de Leite foi criado para coletar leite sem lactose para crianças que são intolerantes ao açúcar. Intolerância à lactose é a incapacidade de digerir a lactose, resultado de deficiência ou ausência da enzima intestinal - a lactase. Esta enzima possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples, para a sua melhor absorção. A intolerância pode ser genética ou estar relacionada à desnutrição. Por causa da problemática, apresentada por muitas famílias de crianças intolerantes, o médico pediatra Simon Halpern idealizou um projeto para suprir essa carência, por meio da distribuição de leite de soja a essas crianças. Em média 60 pequenos recebem os repasses, mensalmente.

Banco de Remédios
O Banco de Remédios estabelece ações para a captação de medicamentos novos e que não são mais necessários a alguém. Os remédios aproveitáveis são repassados gratuitamente à população de baixa renda. As linhas de ação deste programa, além de minimizar despesas das famílias, buscam educar e conscientizar a comunidade quanto ao risco da manutenção de remédios em desuso e do seu descarte inapropriado. Maria Eulalie destaca que o caráter do Banco de Remédios é filantrópico e nunca funcionará como farmácia, mas como entidade de apoio aos menos necessitados. "Todo projeto é assumido tecnicamente por profissionais da área da saúde", assegura.

Banco de Empregos
Oportunidade. A iniciativa do Banco de Empregos é contribuir para a inserção no mercado de trabalho, oferecendo formação nas oficinas e nos cursos de capacitação. As atividades são desenvolvidas com a participação de voluntários. As pessoas cadastradas, formadas nos cursos e oficinas, são atendidas e encaminhadas para o mercado de trabalho, conforme as solicitações registradas no Banco Madre Tereza de Calcutá. "Muita gente chegava até nós pedindo emprego, mas não tinha habilidades, porque não teve oportunidade antes. Então, criamos o Banco de Empregos", conta Maria Eulalie.

Banco de Roupas
Mais tarde, veio a necessidade de vestir a solidariedade. Então, foi criado o Banco de Roupas, em abril de 2013. A coordenadora frisa a importância de conscientizar a comunidade a respeito da arrecadação de roupas em bom estado de conservação, agasalhos, calçados e cobertores para atender pessoas em situação de pobreza e miséria. Segundo ela, o processo de repasse das roupas é cuidadoso: é feita a coleta, a seleção, a higienização e, só então, a distribuição de todas as peças arrecadadas.

Troféu Misericórdia
Para dar forma a todos esses projetos, o auxílio de instituições, entidades, pessoas e empresas foi imprescindível. Em agradecimento ao apoio de todos esses anos, o Banco Madre Tereza de Calcutá criou o Troféu Misericórdia, um agradecimento simbólico a quem ajuda a manter ininterruptas as ações beneficentes. A entrega do troféu foi realizada em feijoada, no Hotel Tourist.

Homenageados
Vereador Luiz Henrique Viana e Clóvis Olivo, com Sérgio Fernandes
Luiz Fernando Colvara representando Paulo Roberto Fonseca, da Expresso Embaixador
Padre Mário Prebianca
Teresinha Oliveira e Leda Silveira
Dona Adalgisa Amaral
Rubia Canabarro foi homenageada e também representou Alexandre Marin Ragagnin
Sérgio Russo e família
Paula Schild Mascarenhas
Theresinha Azevedo
Adriana Fernandes e Fabiana Moglia, representando também Karina Iribarren
Conceição Mansur, com Flávio Mansur
Pablo Rodrigues representando Virginia Fetter, do Diário Popular
Marilene Alam, representando Satte Alam Veículos
Emilice Satte Alan
Suzana Magalhães
Letícia Arruda
Binho, da Gelei Comércio de Bebidas
Deputado Luís Augusto Lara
Gabriel Villamil e Suelen Malicheski
Alfredo Osório

Como colaborar com o Banco
Conta bancária
Banco do Brasil
Conta número 3000/7 Agência 2884-3

Telefone: (53) 3273-2600
Razão social
Banco Madre Tereza de Calcutá
CNPJ: 13.299.073/0001-78

Imitemos Madre Teresa que fez das suas obras de misericórdia guia de sua vida e caminho para a santidade.

— Papa Francisco (@Pontifex_pt) 3 de setembro de 2016

Madre Teresa de Calcutá
Linha do tempo
*1910 - Agnes Gonxha Bojaxhiu (1910-1997) nasceu no dia 26 de agosto de 1910, na Albânia, sudeste da Europa. Foi educada numa escola pública da atual Croácia. Ingressou na Congregação Mariana. Com o consentimento dos pais, entrou no dia 29 de setembro de 1928 para a Casa das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, em Dublin, Irlanda. O seu sonho era a Índia, onde faria um trabalho missionário com os pobres.

*1931 - Em 24 de maio de 1931, fez votos de pobreza, castidade e obediência, recebendo o nome de Teresa. Da Irlanda, partiu para a Índia. Foi enviada para Darjeeling, local onde as Irmãs de Loreto possuíam um colégio. De Darjeeling a Irmã Teresa foi para Calcutá onde passa a ensinar História e Geografia no Colégio de Santa Maria, da Congregação de Nossa Senhora do Loreto, em Calcutá. Mais tarde foi nomeada diretora.

*1946 - Em setembro de 1946 durante uma viagem de trem, ouviu um chamado interior que a fez decidir abandonar o noviciado e se dedicar aos necessitados. Depois de apresentar seu plano, recebeu a autorização do Papa Pio XII, no dia 12 de Abril de 1948. Embora deixando a congregação de Nossa Senhora de Loreto, a Irmã Teresa continuava religiosa sob a obediência do arcebispo de Calcutá. Só em 8 de agosto de 1948 ela deixou o colégio de Santa Maria.

*1948 - Madre Teresa dirigiu-se para Patna, para fazer um breve curso de enfermagem. Em 21 de dezembro obtém a nacionalidade indiana. Data que reuniu um grupo de cinco crianças, num bairro pobre e começou a dar aula. Pouco a pouco, o grupo foi aumentando. Dez dias depois eram cerca de 50 crianças. Tendo abandonado o hábito da Congregação de Loreto, a Irmã Teresa usava um sari branco, debruado de azul e colocou-lhe no ombro uma pequena cruz. Ia de abrigo em abrigo levando, mais que donativos, palavras amigas e as mãos sempre prestáveis para qualquer trabalho.

*1949 - Em 19 de março de 1949, as vocações começaram a surgir entre as suas antigas alunas do colégio. A primeira foi Shubashini. Filha de uma rica família, disposta a colocar sua vida ao serviço dos pobres. Outras voluntárias foram se juntando ao trabalho missionário. Mais tarde chamadas de "Missionárias da Caridade". Neste ano a constituição da irmandade começou a ser redigida.

*1950 - A Congregação de Madre Teresa, foi aprovada pela Santa Sé em 7 de outubro de 1950. Em agosto de 1952, é aberto o lar infantil Sishi Bavan (Casa da Esperança) e inaugurado o "Lar para Moribundos", em Kalighat, auxiliando pobres, doentes e famintos. A partir dessa data, a sua Congregação começa a expandir-se pela Índia e por várias partes do mundo.

*1979 - Madre Teresa de Calcutá recebe o Prêmio Nobel da Paz, em outubro de 1979. Nesse mesmo ano, João Paulo II recebe a Madre, em audiência privada e a nomeia "embaixadora" do papa em todas as nações. Muitas universidades lhe conferiram o título Honoris Causa. E em 1980, recebe a ordem Distinguished Public Service Award nos EUA. Em 1983, estando em Roma, sofre o primeiro grave ataque do coração. Tinha 73 anos.

*1985 - Em setembro de 1985, é reeleita Superiora das Missionárias da Caridade. Nesse mesmo ano, recebe do presidente Reagan, na Casa Branca, a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração do país.

*1987 - Em agosto de 1987, vai à União Soviética e é condecorada com a Medalha de Ouro do Comitê Soviético da Paz.

*1989 - Em agosto de 1989, realiza um dos seus sonhos, abrir uma casa na sua Albânia, sua terra natal. Em setembro de 1989, sofre o seu segundo ataque do coração e recebe um marca-passo.

*1990 - Em 1990, pede ao papa para ser substituída no seu cargo, mas volta a ser reeleita por mais seis anos, até 1996.

*1997 - Madre Teresa de Calcutá morre no dia 5 de setembro de 1997, depois de sofrer uma parada cardíaca. Seu corpo foi transladado ao estádio Netaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, secretário de Estado do Vaticano, celebrou a missa de corpo presente. O mesmo veículo que, em 1948, transportara o corpo do Mahatma Gandhi foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre da "Mãe dos Pobres".

*2003 - Em outubro de 2003 Madre Teresa de Calcutá é beatificada pelo papa João Paulo II.